sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Entrevista com José Dias Campos, Coordenador Executivo do CEPFS

A CUFA Paraíba entrevista José Dias Campos, que fala sobre o projeto Recursos Hídricos - Acesso e Manejo sustentável, vencedor da etapa estadual do Prémio Anu.

O programa do Centro de Educação Popular e Formação Social - CEPFS nasceu em 1994, em meio às conseqüências sociais e econômicas provocadas pela escassez, nas comunidades rurais, principalmente, provocada por uma grande seca ocorrida no ano de 1993.



Que resultados o projeto já alcançou na comunidade?

O acesso a água, como direito humano e condição essencial a uma melhor e mais sustentável qualidade de vida, está sendo viabilizado por dinâmicas organizativas que, além do p

roduto, de grande relevância paras as famílias, água, está permitindo o resgate de práticas de solidariedade e cidadania, condição essencial para elevar a alto-estima e promover o empoderamento social das famílias e comunidades. O Projeto já permitiu condições de captação e armazenamento de 18.896.000 litros de água de boa qualidade para o consumo humano, beneficiando 1164 famílias e um total de 6.987 pessoas.
As famílias de agricultores e agricultoras estão assumindo a condição de atores sociais no processo de construção de um novo paradigma de desenvolvimento para a região semiárido.
São 39 comunidades, com cerca de 1.200 famílias, todas trabalhando com a dinâmica de Fundo Rotativo Solidário.

Como foi que receberam a notícia da participação no premio Anú e de que forma isso pode fortalecer o projeto?

Foi bastante surpreendente, sobretudo, porque até hoje não sabemos quem indicou a experiência para o processo de seleção.

Na opinião de vocês, qual a importância de uma iniciativa como o premio Anú?

Sem dúvida é de grande relevância uma vez que permite visibilidade as experiência, portanto, lhes assegura oportunidade para efetivo empoderamento, respeito e possibilidade de atrair parceiros.

Como construir um modelo de gestão sustentável da água nas favelas paraibanas?

Não há receita. O modelo deve ser fruto de um efetivo processo de participação das famílias de modo a torná-las cor-responsáveis pelo processo de gestão. A cidadania também nasce no processo de cor-responsabilidade e, por sua vez, a cor-responsabilidade é fruto da descoberta da cada cidadão e cidadã, do seu papel em relação ao meio onde vivem, incluindo as relações humanas. Portanto é um processo que necessita de acordos comunitários, de compromissos comunitários, mas, acima de tudo da ação ativa e não passiva daqueles e daquelas que habitam as favelas paraibanas. Essse processo requer que se aposte, que se financie, não apenas os objetivos fins, mas, principalmente os objetivos meios, os processos que possam gerar empoderamento social e comunitário capaz de permitir uma gestão compartilhar, com cor-responsabilidade.

Porque considerar a questão da poluição dos recursos hídricos um problema central?

A população do planeta tem aumentado a todos os instantes. A quantidade de água no planeta é a mesma, não aumenta nem diminui, porém, do ponto de vista de potabilidade, ou seja, de sua qualidade para o consumo humano vem diminuindo a cada instante devido a poluição e degradação dos recursos naturais. Portanto, poluir a água e matar vidas, na atual e em futuras gerações. A água é patrimônio de todos, portanto, os que estão a praticar iniciativas de poluição, de fato, estão se considerando como os únicos donos, não só da água, mas, também, dos recursos naturais. Os recursos hídricos são a base de todo o ciclo de vida no planeta. Portanto, sua poluição interrompe, agride de maneira demasiada este importe ciclo. Por isso, a poluição dos recursos hídricos deva ser encarada como um problema central!

Sem a participação da sociedade, a execução do projeto Recursos Hídricos é possível?

Não, a participação efetiva da sociedade é condição essencial para a execução do projeto Recursos Hídricos, numa perspectiva sustentável. É preciso fazer com a participação da sociedade e não como historicamente foi feito, ou seja, fazer para a sociedade. A sociedade deve ser o centro da construção, através da sua efetiva participação.

O que se pode fazer para mobilizar a sociedade?

A mídia falada e escrita é um veículo fundamental no processo de mobilização da sociedade. É preciso dar publicidade à experiências bem sucedidas, dando ênfase de que o segredo do sucesso está na participação da sociedade, das famílias, das pessoas, enquanto sujeitas, atores sociais capazes de mudar a realidade onde vivem.


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